Foi inaugurado, na tarde desta sexta-feira (14), na sede Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM), o Memorial Lírios da Paz Maria do Carmo de Souza, com objetivo de homenagear as mulheres vítimas de violência doméstica no município nos últimos anos. A inauguração contou com uma cerimônia em que lírios brancos foram plantados por diversas mulheres, entre elas a primeira-dama Tassiana Oliveira; a subsecretária de Políticas Para as Mulheres, Josiane Morumbi, além de funcionárias e assistidas do CEAM.

Para a primeira-dama Tassiana Oliveira, o Memorial é um marco no combate a violência contra as mulheres.

“O combate a violência contra a s mulheres só se fortalece se estivermos todos unidos com o mesmo propósito. Apesar de ser inacreditável, a gente vê que a violência contra as mulheres continua crescendo. Precisamos avançar nas políticas públicas para essas mulheres, para que possamos, de todas as maneiras, conseguir atendê-las, não só na proteção, mas na parte psicológica familiar, porque, quando uma mulher é agredida, seus filhos também são. Apesar de ser singelo, o Memorial traz o não esquecimento do luto das pessoas que se foram a partir da violência doméstica”, destacou Tassiana.

O Memorial traz o nome de Maria do Carmo de Souza, mulher e comerciante de Tócos que teve uma neta de criação morta brutalmente pelo companheiro. Instituído pela Lei 9.583/2024, sancionada pelo prefeito Wladimir Garotinho, o Memorial, além de prestar homenagem às mulheres que tiveram suas vidas interrompidas pela violência doméstica, também guarda a memória das mulheres vítimas, conscientiza sobre a gravidade da cultura de violência de gênero e marca historicamente o enfrentamento e combate à violência contra a mulher no município.

“Existe um clamor no momento em que a mulher é assassinada. E depois? Como fica a história daquela mulher? Por essas mulheres, que fizeram história e nos ensinaram, infelizmente, com a dor, a gente tem que avançar diariamente. O debate não é só dos equipamentos envolvidos, mas a discussão tem que ser unificada. Cada lírio plantado por nós, a gente teve na lembrança algumas mulheres que perderam suas vidas. Sempre que olharmos para esse Memorial, temos que entender que muitas mulheres foram mortas nesse país. Olhando para ele, devemos pensar o que estamos fazendo para mudar essa realidade”, disse a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Josiane Morumbi.

Com a inauguração do “Memorial Lírios da Paz Maria do Carmo de Souza”, foi gravada a última cena do filme “Vermelho”, produzido em Campos, através do Edital Paulo Gustavo 2023, que aborda violência contra a mulher. O filme tem como produtora, roteirista e atriz a neta legítima de Maria do Carmo de Souza, Graziela dos Anjos. Graziela, que também plantou lírio na inauguração do Memorial., falou sobre a experiência de produzir um filme que conta uma tragédia familiar ocorria há mais de

“Quando fui contemplada pela Lei Paulo Gustavo, em Campos, foi nascendo o filme Vermelho, que antes era um musical. O tema do filme é real, aconteceu na minha localidade, em Tócos, quando eu tinha apenas 10 anos de idade. Com a criação, a gente vai percebendo que essa história não é apenas minha, da minha família, de conhecidos, mas que muitas mulheres passam, infelizmente, situações semelhantes. O filme atravessa outras histórias, com depoimento de outras vítimas reais. Terminar a gravação do filme com esse Memorial é importante demais para mostrar que essas vítimas não serão esquecidas. Com os lírios plantados, plantamos a esperança pela paz, sem violência, começando agora”, contou.

A equipe do Escritório Social de Campos participou de uma reunião com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para aprimorar ainda mais o trabalho de preparação de reinserção social e fortalecimento da autonomia das pessoas pré-egressas do sistema prisional. A reunião, que aconteceu nesta terça-feira (12), contou com a participação de representantes de todos os Escritórios Sociais do Estado do Rio de Janeiro.

Na pauta do encontro, que aconteceu de forma remota, a sensibilização e a escuta ativa para identificar demandas individuais e coletivas foram as principais sugestões de aprimoramento do serviço que já é ofertado no Escritório Social de Campos. Além dessas propostas, oficinas e rodas de conversas sobre documentação, empregabilidade, moradia e vínculos familiares também fizeram parte do debate.

No encontro com o CNJ, o Escritório Social de Campos foi representado pelo coordenador Paulo Ricardo Vieira, a psicóloga Thayna Paes, a pedagoga Alcilea Ricardo e a assistente social Flávia Reis. Participou ainda o defensor público João Pedro da Hora. De acordo com o coordenador, o Escritório Social tem participado de reuniões para iniciar as discussões da implantação do Fundo Municipal de Políticas Penais.

“A criação deste Fundo Municipal será de suma importância para nós porque é através dele que o município de Campos poderá receber repasses de recursos financeiros, via a SENAPPEN do Ministério da Justiça. São recursos que poderão ser aplicados na qualificação profissional daquele egresso do sistema prisional que busca uma nova oportunidade após ter cumprido sua pena. Com isso, seguimos na consolidação da rede de apoio que visa assegurar a cidadania e a dignidade humana”, explicou.

De acordo com a assistente social do Escritório, Flávia Reis, a reunião serviu para o fortalecimento da rede de apoio, incluindo o Escritório Social e outras instituições parceiras. “Discutimos sobre planejamento da aplicação de metodologia de mobilização das ações voltadas aos egressos, como os critérios para a seleção dessas pessoas que estão deixando o sistema prisional e, de certa forma, serão atendidas por nós. Foi estabelecida a necessidade de parcerias com a administração prisional e serviços da rede socioassistencial. Também definimos um cronograma inicial de atividades, considerando a viabilidade presencial e remota, para discussão e ajustes. Dos participantes da reunião, colhemos sugestões para aprimorar ainda mais o serviço de melhoria da vida dos egressos”, explicou a assistente social.

O Escritório Social de Campos foi criado a partir de uma parceria do Município com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O objetivo do equipamento, que já realizou mais de 600 atendimentos, é fortalecer as ações voltadas à reintegração social, garantindo acesso a direitos, serviços essenciais e suporte adequado, promovendo autonomia, cidadania e inclusão social para todos os assistidos.

Lucas e Franciane, casal que viveu por cerca de sete meses na Casa de Passagem, abrigo provisório que acolhe pessoas em situação de rua, alcançaram a autonomia. Antes vivendo nas ruas, os dois foram abrigados com problemas de saúde, desempregados, sem documentação e com vínculos rompidos. Agora, após um trabalho desenvolvido pela equipe da Casa de Passagem, através da rede socioassistencial, o casal saiu do abrigo para alugar uma casa com móveis e eletrodomésticos necessários.

“Eu queria agradecer à Casa de Passagem, a todos os cuidadores e à equipe técnica pelo atendimento e por tudo que foi feito pela gente”, disse Franciane Batista, de 24 anos.

“Eu também quero agradecer pelos cuidados e oportunidades que foram dados a gente. Agora estamos saindo daqui para a nossa casa”, disse Lucas Rangel, de 27 anos.

Eles também foram inseridos no Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), tiveram todos os documentos emitidos novamente e estão com o tratamento de saúde adequado em dia. Tudo isso através do desempenho das equipes do Departamento de Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) III, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Parque Esplanada e Unidade Básica de Saúde (UBS) Jamil Abdu.

“A história do Lucas e da Franciane representa os recomeços realizados a partir de um trabalho de excelência de toda a equipe, não só da Casa de Passagem, mas de toda rede socioassistencial. Com uma trajetória incansável, promovemos mais uma história transformadora”, comentou a coordenadora da Casa de Passagem, Rose Pereira.

A Casa de Passagem, equipamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), é um abrigo provisório que acolhe pessoas encaminhadas pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CentroPoP).

Além da Casa de Passagem, o município conta com outros três abrigos, que, juntos, atendem cerca de 150 pessoas: o Lar Cidadão, Manoel Cartucho e uma Organização da Sociedade Civil (OSC) cofinanciada pela SMDHS. Os acolhidos são encaminhados pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CentroPoP). A permanência no abrigo não é obrigatória, tendo o usuário liberdade de continuar na Casa ou não.